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domingo, 27 de janeiro de 2019

Ela

Resultado de imagem para moça timida

Ela não sabe
O nome dele,
Tem vergonha de perguntar
É que alguns rapazes
Andam de cabeça no ar.

Ela olha para ele
Cada vez que ele está distraído,
Tem medo que em vez
De um rapaz sério,
Seja um moçoilo atrevido.

Ela um dia encorajou-se
E lá lhe foi falar,
Que há muito tempo
O tem vindo a observar.

Para seu espanto,
Ele foi simpático e carinhoso,
E como sonhava ela
Ele era totalmente amoroso.

Passeavam na margem do rio,
Comiam gelados de mão dada,
Ela ganhou um amor para a vida,
E ele uma eterna amada.

Agora eram felizes,
Rebolavam na erva,
Riam-se até a barriga lhes doer,
Contavam estrelas
No chão do parque
Havia amor e todos podiam ver.

Foram feitos um para o outro,
Nem tudo hoje em dia dá certo,
Mas amavam-se
E queriam-se um ao outro
Por perto.

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Para

Para o céu,
Foi feita a lua,
Para a Terra
Foi feita a água,
Para o fogo
Foi feito o ar,
Para o amor
Foi feita a mágoa.

Para o batimento cardíaco
Foi feito o coração,
Para o sim
Foi feito o não,
Para a fome
Foi feita a comida,
Para a morte
Foi feita a vida.

Para a seca
Foi feita a chuva,
Para o vinho
Foi feito a uva,
Para a praia
Foi feita a areia,
Para o pé
Foi feita a meia.

Para o avião
Foi feita a asa,
Para a família
Foi feita a casa.

Para ti
Fui feita eu,
A mim dizem-me
Que tu és meu.

domingo, 20 de janeiro de 2019

Sem

Sem o sim,
Sou o não
Ou o talvez,
Sem o um
Sou o dois
Ou talvez o três.

Sem a palavra
Sou o medo
Ou talvez a insegurança,
Sem a escuridão
Sou a luz,
Ou talvez a esperança.

Sem ti
Sou a paz,
Ou talvez o vazio,
Sem o calor
Sou o ameno
Ou talvez o frio.

Sem o abraço
Sou o espaço
Ou talvez o receio,
Sem a distância
Sou a direita,
Sou a esquerda
Ou talvez o meio.

Sem, mas cheia de bem!

A história de um mendigo

Mais um dia na capital,
O sol hoje parece que nem nasceu,
Está tudo tão negro por aqui…
Nada que me surpreenda na verdade,
Até as pessoas aqui são sisudas

Com uma estranha normalidade.

O quiosque da esquina
Hoje abriu mais cedo,
Está negro o céu,
E a Dona Ana com medo
De não dar rendimento ao negócio
Lá se antecipou,
É esperta a mulher,
Às vezes ainda lá vou.

Tem pena de mim
E ás vezes dispensa-me
Dois ou três jornais,
(Os que não vende),
Como não tenho televisão
Não posso simplesmente ver as notícias
Nos canais principais.

O Zeca, o meu amigo das ruas,
Já está na praça a partilhar
O pequeno almoço
Com aquela passarada enlouquecida,
A praça aqui só para durante a noite
E é no Inverno,
Porque no Verão tem vida.

O dia já está praticamente terminado,
Hoje vou talvez dormir
Á entrada de algum prédio
Se tiver a sorte
De alguém me lá deixar ficar,
Senão vou tentar debaixo
Da ponte,
Para não me molhar.

A noite cai à medida
Que me enrosco no papelão,
Sou um mendigo
De corpo,
Mas ainda tenho alma pura,
E um valioso coração.

Cai Lisboa atrás de mim,
Cai a bênção à minha frente,
Acaba-se um dia assim
Tão, mas tão de repente.

sábado, 19 de janeiro de 2019

Carta de um desesperado

Perdi-te!
Perdi-te porque nunca pensei
Que um dia crescesses
Mais do que os meus sonhos,
Perdi-te por não te saber acompanhar,
Perdi-te por um dia criares asas,
E eu não saber voar.

Perdi-te por não saber ouvir-te,
Perdi-te por nunca te ter
Levado a sério,
Agora já estás de viagem marcada,
De mala preparada,
E o pior de tudo,
Vais sem mim!
Mas o que me custa mais
É admitir
Que fui eu que construí
O nosso fim!

Perdi-te!

Oh Deus

Oh Deus,

Dai pão a esses filhos,
Dai pão que eles bem o comem,
Dai pão oh Deus,
Que eles não têm culpa
Das monstruosidades do Homem.

Oh Deus que pode
Deus que manda em todos nós,
Mostra ao mundo
Que te temos,
Mostra que não estamos sós.

Oh Deus que estais aí,
Tudo vê
Mas em pouco põe a mão,
Porque não pões término
Á guerra?
Oh Deus da oração!

Oh Deus, ouve as nossas preces,
Faz algo para nos salvar,
O mundo está um caos
Já pouco há para respirar.

Oh Deus, vem até nós!


Roubaste-me

Roubaste-me o ar,
Antes de eu saber respirar,
Roubaste-me a Terra,
Antes de eu saber como era,
Roubaste-me um beijo,
Antes que morresse com o desejo.

Roubaste-me a música,
Antes de eu saber ouvir,
Roubaste-me o sorriso
Antes de eu saber sorrir,
Roubaste-me o olhar
Antes de eu saber observar.

Roubaste-me o sim
Antes de eu saber
O que queria para mim,
Roubaste-me o abraço
Antes de eu te pedir o meu espaço.

Roubaste-me o coração
Antes de te dar a minha mão,
Roubaste-me o céu,
Antes de me vires a chegar de véu,
Roubaste-me o poema,
Antes que surgir-se outro tema.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

A ti

A ti, falta-te tudo,
Falta-te amor,
Falta-te felicidade,
Sobra-te a dor,
E também a ruindade.

A ti, falta-te tanto
Que nem é bom dizer,
És abundante de palavras
Mas nem sabes
O que elas querem dizer.

A ti, falta-te carisma,
Garra, falta-te paixão,
Larga essa cara de enxovalhado,
Essa cara de solidão.

Larga essas tuas palavras,
Se de nada te servem,
Anda em busca do amor,
Anda meu anjo de condor.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Olha pra mim

Olha pra mim, tudo por mim passou,
Desde a chuva ao sol,
E olha, olha só, nada me desmotivou.

Olha pra mim,
Tudo a mim me tocou,
E vê só, nada me impediu
De renascer,
De voltar a ver a vida
Como ela tem de se ver.

Olha pra mim,
Tudo a mim me deitou ao chão,
Mas eu tornei me a levantar.
Custar?Custou, mas tive que retouçar.

Olha pra mim,
Tudo me tentou entristecer,
Mas eu fui à luta,
E mostrei que sou capaz
De ser feliz,
Sim, a viver.

Olha pra mim amor, olha!

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Vem por aqui

-"Vem por aqui", dizem de um lado,
Mas eu não vou,
Já disse que não ia,
Não vou estar a ser
Quem não sou,
Nem a fazer algo
Que eu nunca faria.

-"Vem por aqui", dizem eles
De sorriso estampado,
Vou por onde eu quiser,
E não, não vou para esse lado.

-"Vem por aqui, dizem eles
Novamente, eu não sou de ninguém
E só haverá um único dia
Em que tal
Irá acontecer,
É no dia em que a Terra
Abrir as suas portas para me comer.

Não, já disse que não vou!

sábado, 12 de janeiro de 2019

Hoje

Hoje escrevo
Porque me dói
Cá dentro,
Porque sinto que andas
Ao relento,

Perdido no meio
Do mato,
Preso a todo
E qualquer ato.

Hoje escrevo
Porque ainda me fazes falta,
Com uma força desmedida,
Ainda vivo no 28 de Janeiro,
O dia da tua partida.

Hoje escrevo
Por não te ter,
Estou sem rumo,
Estou sem saída,
Não sei mais o que fazer
Desde que saíste da minha vida.

Hoje escrevo,
Porque ainda é ao pouco
Que me posso agarrar,
Não sei se voltas,
Ou se a tua intenção
Era mesmo a de me abandonar.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Peço

Peço que voltes,
Que caias novamente
No meu colo
Do qual fizeste ninho,
Sei que andas perdido
Mas se me deixares
Eu ensino-te o caminho.

Peço que esqueças
Os nossos ciúmes,
As nossas brigas,
Os nossos confrontos.
No meio de tantas intrigas
Éramos dois tontos
Á procura de três pontos…

Peço que ames,
Ames com o mundo
No peito,
E por tudo o que já vivemos
Me mantenhas esse respeito.

Peço que fiques,
Que deixes o teu orgulho
Longe de nós,
E que corras para mim,
Para ficarmos a sós.

domingo, 6 de janeiro de 2019

No teu abraço

No teu abraço faço casa

Do teu braço a minha asa,
Não sei se sou pássaro
Ou avião,
Talvez dona desse teu coração.

No teu sorriso faço sol,
Da tua língua o meu anzol,
No teu rosto
Encosto-me e sossego,
Será amor ou apego?

No teu cabelo faço nós
Dos teus olhos
De tanto falar
Perdi a voz,
Nas tuas mãos vejo
O nosso destino,
Eu e tu,
E o nosso menino.

Nos teus beijos.
Fiz uma canção
Do teu tronco
O meu travesseiro,
Se o nosso amor
Fosse como tu,
Tínhamos amor para o ano inteiro.

No teu,
Que é tão meu.