Caso complexo

O jantar está na mesa
É só te sentares
Ligares a televisão
De preferência
No canal que liga
Ao teu coração,
E comeres.

Sei que estás sozinho,
Mas foste tu que quiseste
A solidão como melhor aliada,
Até te dizia
O que estou a sentir
Mas ia entrar
Numa autêntica embrulhada.

Espero que o silêncio
Fale por si
E te deixe a remoer
No que realmente
Há para pensar,
Não vou tocar no assunto
Nem te vou questionar,
Podes descansar.

Não, eu não!

Não, não me castigues a mim
Por palavras
Que não saíram
Da minha boca,
Não me julgues a mim
Por atos de outra.

Não,
Não me maltrates
Sem ser eu a culpada
Pela tua ferida,
Não me deixes abandonada
Salvaguardando a tua querida.

Não te distancies
De mim
Por uma dor
Que não fui eu
Que te causei,
Não me fales assim
Quando não fui eu
Que me revelei.
Não te avisei?

Não faças isso comigo
Não, isso não meu amigo.

O que me resta

O que me resta
É a vida,
Ou melhor...o início dela
Não perdi o sapato,
Mas sou a moderna Cinderela.

O que me resta é dançar,
Cantar, falar, movimentar,
É gritar ao mundo
Que sou dele
E ele é meu,
E por esta caminhada fora
Não há ninguém
Tão alegre
Como eu.

O que me resta é tudo                              
Embora pensasses
O contrário,
A bola rola para
A frente,
A música é no compasso binário.

O que me resta
São pessoas,
Momentos e lembranças.

Quero

Quero ser o teu rosto
Quando a tua última lágrima cair,
Quero ser o bobo
Das feiras de Agosto
Que faz de tudo
Para te ver sorrir.

Quero ser a tua almofada
Quando estiveres
Pesada com maus pensamentos,
Quero ser o teu tudo,
Ou o teu nada
E estar lá em todos
Os teus momentos.

Quero ser o teu chão
Quando te cortarem as asas,
Quero que te deites
Sobre mim,
E neste piso faças casa.

Quero ser o teu tato,
Quando um dia
A visão te falhar,
Quero te sentir de fato
Na igreja, junto ao altar.

Quero ser a tua vida
E acompanhar-te
Até à morte,
Quero ser a tua estrela guia
Meu trevo da sorte.

Quero,
E me esmero.