Blogs de Portugal

sábado, 13 de fevereiro de 2021

Calas-te

 Calas-te e consentes

E mentes quando dizes ser feliz,

Isto não é bem o que planeaste

Nem o que eu algum dia quis.


Deixas-te a corrente seguir

Sem impor uma barreira,

Agora para ti talvez seja tarde

Mas só enquanto só vires as coisas

Á tua maneira.


Ainda há tempo!

Haja vontade

Que tempo não falta,

Só não deixes insistir

Quem em ti calca.


Mas eu falar e não,

Não dá em nada.

O lado certo para ti é sempre

O de lá,

Às vezes paro e penso

E continuo sem perceber

Qual é o motivo que me prende cá.


Enquanto em ti houver medo,

Sempre existirá nas tuas costas

Esse rochedo

Que te impede de seguir em frente

E evoluir,

Só depende de ti largares esse peso

Seguires o teu caminho

Sem te fazerem desistir.

sábado, 6 de fevereiro de 2021

Desviveres

 Escorre a chuva

Na janela envidraçada,

É o mundo a chorar,

É a vida saturada.


Ao longe sentem-se

Os remoinhos a pairarem

Nas cabeças alheias

Que vagueiam por aí,

Sente-se na terra

O cheiro a pobreza.

Há almas ocas

Pois há muito perderam

A pureza.


No ar ficou o som

Do "Vai para aqui",

E do "Vai para além",

Isto é gente desnorteada

Que escava a vida

Em busca de ninguém.


A essência da vida

Escapasse-lhes das mãos

Como água num coador,

Amor, amizade, união,

Não constam no seu vocabulário,

Mas sim a palavra dinheiro

E o seu valor.


São desviveres à grande,

Porque viver não sabem

O que é em concreto,

Dizem meia dúzia

De palavras bonitas

Só para mostrarem ter

Um discurso correto.


Desvivem e não vivem!

Mas dizem saber

O que é viver,

Eu cá digo que nada fazem

Nem deixam fazer.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Bolha

 Tenho a agulha na mão 

E um peso na alma,

Não sei se a estoure

Ou não 

Mas estou cansada de ter calma.


Aqui dentro 

Está tudo tão sobreposto a mim,

Que começo a ficar sem espaço 

E já nem flores nascem

No meu jardim. 


Estou protegida

Nesta bolha,

Quando eu não preciso

Nem pedi proteção,

Sei que um dia

Quando a rebentar

Vai gerar uma valente confusão. 


Mas na vida,

Por vezes precisamos 

De uma guerra

Para podermos encontrar a paz,

Já nada me é suficiente

Tirando o amor

Que me dás. 


Preciso de respirar,

Preciso de sentir o vento,

Está na hora de voar,

Não tenho espaço 

Cá dentro.


Vou estourar a bolha.

Agora entende-te

Á tua maneira,

Um dia lembrar-te-ás

De mim

Pois sempre fui a primeira.



segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

A porta

 A porta estava fechada

A sete chaves,

Mas tu lá conseguiste entrar,

Não sei qual foi a chave

Que usaste

Só sei que acabou por resultar.


Eu estava à janela

A ver a vida passar,

Sentada no meu conforto,

E sem nada nem ninguém

Para me destabilizar.


Mas lá vieste tu de mansinho,

Tu e esse teu sorriso brincalhão,

Pisquei os olhos,

Respirei fundo,

E quando dei por mim

Já me tinhas roubado

O coração.


Não sei se foi roubo,

Se foi uma troca justa,

Sei que contigo a meu lado

Nada me custa,

E agora que entras-te

E não tencionas sair

Tranca de novo a porta,

Fecha os olhos

E fica só a sentir.


Não contava com a tua chegada,

Contava com a minha partida

Um dia, quando tivesse de ser...

Mas já que vieste,

E trouxeste o amor,

Deixemo-lo acontecer.


Mas fecha a porta.