Podes

 Podes gritar comigo,

Os meus ouvidos já aprenderam

A suportar a tua ira.

Podes-me deitar ao chão,

Eu não vou partir

Nem fugir

Como antes fugia.

Podes-me lançar farpas,

O meu peito já está imune a elas,

Podes-me deitar todas

As palavras,

Mas um dia poderás ser tu

O alvo delas.

Podes-me tentar quebrar,

Ganhei elasticidade,

Sempre serei um todo

E nunca mais uma metade.

Podes-me acordar

Para eu não sonhar,

Que eu até acordada sonho,

Não tenho medo de ti,

Mas tu de mim devias,

Um medo medonho,

Porque sabes que nunca

Me vais conseguir destruir,

Podes tentar,

Mas nunca irás conseguir.

E se um dia me ousares matar,

Fica sabendo que eu irei renascer,

E vou evocar-te às chamas,

Para que sejas tu a arder.

Podes tudo,

Mas não conseguirás nada.

Espaços

Espaços vazios

Esperam por alguém

Que os possa preencher,

Gritos mudos

Soltam-se na tentativa

Que alguém os possa entender.

 

A vida corre vazia,

Pois quem a preenche

É posto de lado,

O sol é amarelo,

Mas para os loucos é dourado.

 

Passos monótonos

Levam somente ao mesmo ponto,

O vai e vem do dia a dia

Deixa qualquer um tonto.

 

Toques aleatórios

Perdem-se no meio do esquecimento,

Vários tentam falar do amor,

Mas nunca é um bom momento.

 

São vidas alucinadas

Perdidas nos nadas

Que pairam por aí.

Vivam!

 Não!

O mundo não parou

O tempo muito menos,

Parece um filme de terror

Mas não é,

Isto é a realidade

É o que nós vivemos.

Tudo parece horrível,

E não parece,

É mesmo na verdade,

Mas é também nos momentos maus

Que descobres quem é quem

Com mais facilidade.

Onde está o amor,

A amizade, a união

E a solidariedade?

Onde estão que eu não os consigo ver?

Serei eu cega

Ou estúpida demais

Para entender?

Que sociedade é esta?

Estamos perante um monstro

Que em parte nos coloca

Num patamar de igualdade,

Mas por outro lado somos diferentes

Pois nem todos temos a mesma maldade.

Para quê conflitos?

Para quê guerra?

Para quê tantos problemas

Se acabaremos todos debaixo de terra?

Amem mais!

Sorriam mais!

Lutem mais!

Ponham de lado

Os vossos problemas banais.

Vivam!

Se um dia

 Se um dia a água

Que mata a tua sede acabar,

O teu chão desabar,

A luz do sol se apagar,

Quero que saibas

Que vou estar lá para ti.

A tua luz vai te guiar,

E enquanto o nosso amor durar

Nunca vais ficar na escuridão,

Pois sempre estarei lá

Para te dar a mão.

Os dias vão terminar,

Amanhã há mais para dar,

E mesmo quando o mundo acabar

Eu estarei aí.

Se um dia duvidares

De algo,

Duvida de tudo

Menos do que sinto,

Apaixonada como estou por ti

Acredita, nunca te minto.

Outubro

 As folhas caiem ao chão,

Mais um ciclo

Se está prestes a fechar,

Vai o que é velho

E não tem mais força

Para se manter,

Para futuramente

Vir algo novo

Para mostrar que ainda

Há mais para ver

E entender

Nesta vida de vaivéns.

A natureza comanda a vida.

Tal como os ramos

De uma árvore

Ficam velhos e frágeis

Após um ano de crescimento

E produção,

Assim és tu,

Cresces, lentamente,

Tens a tua Primavera,

Momentos satisfatórios

Que te fazem pensar

Que o melhor está por vir,

E depois vem o teu Verão,

O teu auge,

Que muito te fazer sorrir.

O Outono vem a seguir,

E não é uma estação

(Um momento)

Somente de perdas,

Por vezes temos que renovar

Energias interiores

Para dar lugar

A umas com mais intensidade,

Daqui a pouco

Vem o Inverno,

A estação da verdade,

Que se despe,

E deixa tudo a nu,

Tudo tal e qual

Tem de ser,

Por vezes faz-nos falta

Um pouco de neblina

Para mais tarde

Podermos ver e entender

Tudo como tem de ser.

Chegou Outubro,

O mês da renovação.

O mundo

 Lá fora o mundo chora,

As lágrimas

Escorrem pela janela envidraçada,

Faz-se ouvir um sopro profundo

Vindo de uma alma revoltada.

Os montes hoje não se veem,

A névoa faz-se sentir,

Assim andam as cabeças

De muitos, incapazes de reagir.

Ás vezes o sol espreita,

Será a Terra a enviar

Um sinal de esperança?

Ou será um pedido de ajuda

A implorar pela tua mudança?

Lá fora o mundo sofre

Por ti, e por todos os incapazes

De se mudarem,

Parte de vocês

Fazerem algo para o ajudarem.

No teu poema

 No teu poema

Existe um amor ardente

E profundo,

Alguém que te ama

E chama a cada segundo,

Uma história

Que é escrita a cada verso declamado

Com paixão,

Existe a estrada alcatroada

Após o portão

E lá no meio alguém

Que partiu

Em busca de um lugar melhor,

Existe quem grite

Na tentativa de expulsar

A dor que o sufoca,

Ignorando o olhar do outro

Que o provoca

E faz (por vezes)

Com que tente desistir.

No teu poema,

Existe um céu

Que todos cobre

De luz ou escuridão,

Existe o bom ou mau,

A desculpa e o perdão,

E tantas outras coisas

Que te cabe a ti encontrar,

No teu poema

Cabe um campo de girassóis,

O sol, e o mar.

No teu poema existo eu,

Existes tu e mais uma multidão

Que te lê,

Existe a harmonia

Que quase se canta

E mal se vê.

No teu poema?

Existe a vida.

Não

Não entres aí

Se queres marcar

Por seres diferente,

Mas se quiseres

Ser um autómato,

Vai em frente.

Não vás por aí

Só porque todos vão,

Ás vezes o não ir

É a tua salvação.

Não fales se não sentes,

Não abras a boca

Se de bom não vier nada,

Ás vezes ganhas mais

Com o silêncio

Do que com uma palavra dada.

Não tentes,

Se souberes

O resultado

E esse não te agradar,

Não faças nada em vão

Se nada fores alterar.

Não penses nisso

Se sabes que é perda

De tempo,

Pensa no que é bom

Para ti

E vive o momento.

Não te inquietes

Por mentalidades

Que não te compete a ti mudar,

Ás vezes por mais

Que lutes

Não és tu quem tem o poder

De as ratificar.

Não entres,

Não vás,

Não fales,

Não tentes,

Não penses,

Não te inquietes,

Se nada depender de ti!

Fica aí!

Estou

Estou sentada

Aqui na cama

A tentar perceber

Como é que conseguiste

Encontrar-me,

Eu não sabia

O que era o amor

Mas tu conseguiste mostrar-me.

Ainda não estou em mim,

Cada momento nosso é tão surreal,

Ao teu lado nada me parece normal.

Este mundo parece-me

Tão diferente,

Antes éramos dois

Agora somos um daqui para a frente,

Mas entende este meu lado,

Tudo me parece ter mais cor,

Pois no dia em que te conheci

Conheci o amor,

E acredita que quando falo

Não é da boca para fora,

Quando digo que te quero

É aqui e agora,

Por isso só te peço

Fica do meu lado

Que não te vais arrepender,

Sei que cada dia é novo

Mas juntos podemos aprender

A viver e a fazer a nossa

Própria história,

Eu vou estar aqui

Na tua derrota

E na tua vitória.

Aceitas ser feliz comigo?

Douro

Ò Douro…

Douro de ouro

Que és tão belo

E tanto nos dás,

A todos dás de beber

Mesmo a quem não sabe entender

O esforço e trabalho

Que tens por trás.

Douro do vinho,

Da paisagem,

Da gastronomia,

E dos filhos que em ti trabalham

Durante o ano inteiro,

És o pai a quem servimos

Com sentimento verdadeiro.

Quem te vê de longe

Não sabe aquilo que conténs,

Suor, lágrimas,

Mãos de mais de mil homens,

Mas também outros bens.

Todos os nossos antepassados

Por ti passaram

E nós passaremos também,

És o tesouro de quem te conhece,

E o fascínio

De quem cá vem.

Douro do nosso coração!

Na praia onde partiste

Estou aqui,

Na praia onde partiste,

Sentada no areal

Onde em tempos

Vimos o mar,

E mesmo sabendo

Que não voltas,

Estou aqui na esperança

Que ainda possas voltar.

O Verão

Chegou à poucos dias

Mas já é tanto o calor,

Preciso de ti

Aqui junto a mim.

Regressa meu amor!

As ondas hoje estão enormes

E a água abraça

Com rapidez o areal,

Também eu te abraçaria

Se pudesse

E se não tivesses ido

Na noite daquele temporal.

Aqui permaneço,

À espera que um dia

O mar que te levou

Te traga até mim,

Até lá aqui fico,

A ver os barcos

Irem para longe de mim.

Se eu pudesse

Se eu pudesse,                                                                        

Se dependesse de mim,

Nunca terias adormecido

Naquela cama de hospital,

Nem sequer terias ido lá parar,

Mas por muito que tivesse feito

Há coisas que ninguém pode mudar.

Se eu pudesse

Acordar-te com um poema,

Acredita que o faria,

As palavras também ressuscitam

Mas não acredito

Em milagres

Nem em magia.

Se eu pudesse

Inverter os papéis,

Invertia sem pensar,

Mas é algo que não está

Ao meu alcance,

Algo que não posso mudar.

Se eu pudesse

Mudava o teu fim,

Mas sabes que não posso,

Nunca pude,

Pois nunca dependeu

De ninguém

Nem mesmo de mim.

Um dia

Um dia vou saltar

Do teu ninho

E vais ver que o teu pássaro voou,

Abriu as asas

E nem para trás olhou.

Um dia vais abrir os olhos

E ver que a vida

Não era tal e qual

Como imaginavas,

Hoje és alvo das palavras

Que tu próprio lançavas.

Um dia vais parar

E perceber,

Que ninguém é perfeito

Mas tu nunca tiveste perto

De o ser,

Falta-te abrir mais a mente

Mas tu não és capaz de entender.

Um dia vais sentir falta

De ter alguém

Que esteja aí para te ouvir,

Só espero que nesse dia saibas

Que foste tu

Quem me obrigou a fugir.

Quando eu era pequenina

Quando eu era pequenina

O mundo parecia

Um lugar melhor,

Parecia não haver tantas guerras

E ainda haver amor.

Quando eu era pequenina

Aconchego nunca me faltou,

Mas fui crescendo

A pouco e pouco

E muita coisa

A vida me levou.

Quando eu era pequenina

Os adultos sorriam mais

E eram diferentes,

Agora andam todos

Sempre com a mesma cara

Que parecem parentes.

Quando eu era pequenina

Queria crescer,

Mas agora maior me pergunto:

"Que forma é esta de viver"?

Quando eu era pequenina.

Eles não

Eles não sabem nada
Mas rigorosamente nada,
E para que nada
Mais saibam
Permanecerei calada.

Eles não inventam
Porque inventar
É coisa
De quem pensa
E eles não têm capacidade
Para tal,
Não lhes deias atenção,
Não os leves a mal.

Eles não sonham
Porque eles não vivem,
Fazem de conta
Que vão vivendo,
Mas viver não é ir andando,
Não é pedir
Um dia de cada vez,
Se for para pedir
Que seja logo em grande,
Pede logo três.

Eles não amam
Porque não sentem,
E quem ama
Sente de todas
As maneiras,
Com todo o corpo,
Com toda a alma,
Quem ama
Tem ainda mais pressa
De amar,
E nunca tem calma.

Eles não!

Se calhar

Se calhar precisávamos
Das saudades
Para valorizarmos
Os bons momentos,
Se calhar precisávamos
Que nos fosse retirada
A liberdade
Para darmos valor
Aos antigos tempos.

Se calhar precisávamos
De sentir a falta
De um abraço
Para refletirmos
Sobre o valor da vida,
Se calhar precisávamos
De uma pausa
Para vermos
Que não,
Isto não é uma corrida.

Se calhar.

Fica

Fica aqui comigo
Por favor não vás embora,
Eu preciso de ti
A toda e qualquer hora.
Preciso do teu abraço,
Preciso do teu beijo,
Olha-me nos olhos
E vê o quanto te desejo.

Não é momentâneo
E desta vez eu posso jurar,
Não sou de juras
Nem promessas
Mas prometo
Que não te vou abandonar,
E tu?
Alinhas comigo?
Deixa-me mostrar-te
Que és bem mais que um amigo,
E eu confio na vida,
Mas tu também tens de confiar,
Só se lutarmos os dois
É que isto pode resultar,
E eu querer
Sabes que quero tanto.
Fica aqui comigo!
Vamos fazer do meu
O nosso canto.

E se ficares eu juro
Que não te vais arrepender,
Lá fora o mundo é mau
Mas eu vou-te proteger,
Vou dar o meu peito
Ás farpas
Para que nenhuma
Te chegue a atacar,
Dou a minha alma
Ao vazio
Para te poder salvar,
Mas fica!
Vamos aproveitar o agora,
Amanhã é um novo dia
Ainda não é para ires embora.

Fica aqui comigo,
Que assim eu fico bem,
Aperta a minha mão
E caminha comigo
Pois juntos
Vamos mais além.

Mas fica…
Fica, por favor!

Saudade

O tempo passa,
Mas este espaço no peito
Não há meio
De se fechar.
Pior que saber que te foste,
É saber que não podes voltar.

Hoje as lágrimas
Ainda nos escorrem
Pela cara,
Por a saudade
Não caber no peito,
Um dia nos encontraremos todos
Aí em cima
Num encontro perfeito.

Dói saber que não voltas,
Dói mais ao saber
Que nada podemos fazer
Para que possas regressar,
Todos sabemos que és um anjo,
Mas era aqui o teu lugar.

Quando o dia se fizer dia,
E quando a noite voltar,
Olha por nós aí em cima
Que nós cá em baixo
Por ti também estaremos a olhar.

Levamos no peito saudade,
Histórias, lembranças para a vida,
Mas por muito tempo
Que possa passar
Nunca ninguém esquecerá
A tua partida.

És tão nosso,
E nós tão teus,
Guarda-nos aí um lugar
Junto a ti,
Um dia nos céus.

Ps:Este poema é dedicado a um amigo que infelizmente já não se encontra fisicamente entre nós mas que permanece eternamente nos nossos corações. Este é para ti, Pedro! Olha por nós.

Vivo

Vivo!
E sei que vivo
Porque a vida me inquieta
E me desperta
Para ir à procura
De novas respostas,
Incentiva-me a nunca ficar
Pelo que é,
Motiva-me a fazer-me à estrada
Pelo meu próprio pé.

Sei que estou viva
Não porque respiro
Mas sim porque não me conformo
Com nada,
Quero saber sempre mais,
Fazer outro tanto,
Não me conforta estar aqui
Mas sim vasculhar
Todo e qualquer canto,
No entanto
Amo a vida,
E o seu propósito.

Vivo!

Soube

Soube que eras tu
Quando me olhaste
Entre aquele mar de gente,
Soube que eras tu
Mal te vi à minha frente.

Soube que eras tu
Quando mais nada
Me importava
Para além de ti,
Soube quando me apareceste
Logo ali.

Soube que eras tu
Quando me ergues-te
E reconheces-te
O meu valor,
Soube que eras tu
Quando me bateu à porta
O amor.

Soube que eras tu
E desde aí
Não houve mais ninguém,
Desde que apareceste
Não me prendeste
Mas fiquei tua refém.

Se

Se a desigualdade
De direitos
Não te diz nada,
Se o racismo
Te deixa de boca fechada,
Se a guerra
Nada te diz,
Se a fome no mundo
Não te faz infeliz,
Tu não vives,
Resistes somente
Aos acontecimentos da vida,
Sabendo que podias ser tu,
Naquele lugar,
Àquela hora,
A gritar por ajuda,
E haver alguém
Que tal como tu
Nada faz,
Mas ouve,
Mas vê,
Mas mantém-se intacto
A todo e qualquer ato.

Se os problemas
Dos outros não te afetam,
E não te fazem
Revirar o mundo,
Não mereces
Que um dia alguém
O faça por ti.
Se não ages
Perante os outros
Ninguém verá que estás aí.

Basta

Basta!
Não queremos
Mais guerra
Onde só veem
Os seus interesses
E deixam crianças a morrer,
Se isto é o nosso mundo
Eu não quero cá viver.

Recuso-me a aceitar
Todos estes problemas,
Chega de conflitos!
Chega de esquemas!

Chega de racismo!
Somos diferentes
Em tons,
E no entanto
Somos todos iguais,
Mas infelizmente
Ser negro ou branco
Envolve diferentes finais.

Não quero mais mortes,
Será que só resolvem
Tudo à pancada?
Mantenho-me incrédula
Com esperança
Que a bandeira da paz
Seja hasteada.

Adiamos

Adiamos beijos e abraços,
Adiamos sonhos
E desejos,
Não adiemos mais
O amor
Porque ele não se pode adiar,
E o que podemos fazer
Neste momento
É acreditar!
Acreditar e esperar
Por um amanhã diferente.
Um mundo melhor,
Por construir
Está á nossa frente,
Compete-te a ti
E a mim
Irmos em frente
E sermos capaz
De criar amor
Onde em tempos
Plantaram dor.

Adiamos quase tudo
Para depois,
Porque quase nada
Se fez antes
Para que os nossos males
Ficassem distantes.

Agora

Agora a Terra girou
O tempo avançou,
As ideias mudaram
E só os resistentes ficaram
Para contar
Que ainda há vida,
Ainda há espaço
Para mais atitudes,
Mais decisões,
Mais opiniões,
E umas tantas criações.

Agora é a hora!
Não há tempo
A perder!
Se amanhã já não estiveres cá,
Nada mais poderás fazer.

Aproveita!
Vai em frente!
O único obstáculo
É a tua mente,
Cabe-te a ti
Seres diferente
E calar esse lado
Que te impede
De seguir,
Faz orelhas moucas
Está na hora de ir!

Vai!
Agora!

Acorda

Acorda!
Mexe-te!
E se o mundo
Não andar
Anda tu e deixa o mundo,
Só não te esqueças
De quem és,
Não te percas de ti
Por um único segundo.

Dá um passo
Á frente,
E dois para trás
Se tiver de ser.
Escolhe por ti!
Tu estás aí,
Tens que viver!

E viver?
Viver é escolher agora,
É dar as cartas
Quando chega a hora.
É abrir a mão
Para apanhar o ar,
E sentir na alma
Que há muito
Mais para dar.

Sonha!
Mas mais que sonhar realiza!
Concretiza!
E acredita muito!
Porque é só
Ao acreditar,
Que tudo dá certo,
Mantém-te fiel a ti,
O jogo está em aberto.

Mas acorda!
Já dormiste
Que chega-se,
Agora é a tua hora!
Não deixes que passe.

Solta

Solta!
Se for para ser teu
Um dia a ti retornará,
No meio de tanta volta,
Voltará a ti
E não tardará.

Solta!
Deixa ir,
Se a sua vontade
Não for a de ficar,
No meio de tantas
Idas e vindas
Vais ver que um dia
Há de voltar.


Mas solta!
Deixa a vida
Escolher por ti,
Se um dia
Quiser regressar
Sabe que estás aí.

Solta!

Abre

Abre os braços
E acolhe-me
Como se fosse
Uma parte de ti,
O meu lugar
É junto ao teu corpo
E não aqui.

Abre a mão,
Entrelaça os teus dedos
Aos meus,
Olha-me nos olhos
E cala em ti o adeus.

Abre o peito
E deixa-me escutar
O que tens aí escondido,
Sei que sofreste,
Que te magoaram
Mas agora não estarás
Mais perdido.

Abre o coração
E deixa-me entrar,
Prometo que venho
Com boas intenções,
E não vou falhar.

Abre.

Olho-te

Olho-te pelo vidro
Da janela,
O teu olhar continua lindo,
Agora um pouco mais nublado,
É o olhar de quem ama,
Mas está preocupado.

Antes era um ato de amor
O facto de me passares
A mão na cabeça,
De encostares a tua à minha,
Agora é um ato de amor
A falta do teu toque,
Do teu beijo,
Do teu abraço,
É importante manter me sozinha.

Não tenhas medo,
Tudo isto vai passar,
E embora não te toque,
Não te beije
Não te abrace,
Sabes que te continuo
A amar,
E nada, nem ninguém
Nem mesmo
Este bicho cruel
Nos vai separar.

Toda a gente fala
Que ele é forte,
Porque ainda
Não conhecem
O nosso amor.

Imbatível.

Porque

Porque mesmo
Que o dia seja nublado
Se fores um ser de luz,
Não há nada
Nem ninguém
Que te possa ofuscar,
Porque se o teu brilho
For natural,
Não há ninguém
Para além de ti
Que possa brilhar.

Porque mesmo
Que essa máscara
Te abafe e tape
O teu sorriso,
Há mais maneiras
De sorrir,
Se sorrires de verdade
O teu olhar
Vai-o transmitir,
Pois os olhos
São aqueles
Que são incapazes de mentir.

Porque quando
És tu própria,
Mais ninguém pode sê-lo.

Um dia

Um dia acordas,
Mas pareces ainda adormecida
Num sonho mau
Que não parecia verdade,
Vais tomar o pequeno almoço
Ligas a televisão no noticiário
E vês com os teus olhos
Que tudo com que sonhas-te
É agora a realidade.

A Terra não parou
Mas a humanidade
Vê-se agora obrigada a fazê-lo,
Estamos perante um monstro
Que não se vê
E pouco ou nada se pode fazer
Para detê-lo.

Ficar em casa
Não é mais um ato
De isolamento de alguém
Antissocial, mas sim
De alguém que se quer proteger,
Se queres que tudo fique bem,
Já sabes o que fazer.

Fica em casa,
Que em breve poderás
Regressar à rua,
Esta não é uma missão
Só minha,
É também tua.

Vamos ficar todos bem!

Por te amar

O meu coração
Ainda bate,
Mas dói tanto por ter
De te ter longe de mim,
Não sei se haverá
O amanhã,
Mas anseio todos as noites
Para que sim, e que com ele
Traga o tão esperado fim.

Por te amar
Quero-te agora longe,
Mantém-te afastado
De todos para que continues bem,
E se deres um passo
Em falso mentaliza-te
Que serás o próximo refém.

Por te amar,
Não te toco, não te beijo,
Não te abraço,
Por te amar.
Quero esta distância
Para que um dia não haja
Mais este espaço.

Por te amar.

Vai ficar tudo bem

Confia!
Abre a janela e respira,
Mantém a calma,
Tudo vai ficar bem!
Se todos ficarmos em casa
Ninguém será refém.

Mantém-te otimista,
Abstrai-te do que te impede
De ver um quadro mais positivo,
Se antes não podias
Estar tanto tempo em casa
Em família,
Tens agora um motivo.

Põe a esperança em pé,
Tudo vai passar.
Talvez o que te priva hoje
Seja o necessário
Para que valorizes mais
Quando tudo isto acabar.

Vai ficar tudo bem,
Eu acredito!
Mais alguém?

Encontrei

Encontrei em ti
Tudo o que d'antes
Não tinha tido,
Quando caíste na minha vida
Sabia que alguém
Do além
Tinha processado o meu pedido,
Que há tanto
Que já tinha sido feito,
Vieram alguns antes de ti
Mas tu foste o eleito.

Encontrei em ti
A calmaria,
A agitação,
O carinho, o respeito,
Encontrei em ti
A fonte da paixão.

Encontra-te também tu
Em mim,
E deixa-te levar,
Fecha os olhos,
Deita as tuas preocupações
Por terra e acredita.
Vai resultar.

Encontrei,
O que sempre procurei,
Encontrei-te a ti,
Encontrei-me por completo.

E quando sorris

E quando sorris…
Quando sorris
O mundo fica mudo
E acende-se a esperança
De que num momento
De tamanha brutidade,
Ainda possa existir
A mudança
De um amanhã melhor,
Não é por existir
Todo este caos
Que tenha de falhar o amor,
Até pelo contrário!
Em dias maus
Como estes,
O amor é o único
Que está totalmente proibido
De falhar,
Porque quando há amor,
Há sempre onde
Se possa agarrar,
E sonhar,
Sonhar muito…
E acreditar,
Acreditar um bom bocado,
Porque quando tudo acabar
Iremos para todo o lado,
Respirar, brincar,
Sorrir, amar…
E sobretudo valorizar
A oportunidade que nos deram
De viver.

Porque quando sorris,
A vida acontece.

Pegas-te

Pegas-te em mim,
Olhaste-me nos olhos
E aí vi
Que sem dar conta
Me tinha encontrado,
Encontrei a minha casa
Mesmo sem a ter procurado.

Sopras-te as nuvens
Que me estavam
A esconder,
E agitaste-me
De maneira
A que brilha-se novamente.
Quando caí em mim,
Percebi que algo estava diferente.

Ergueste-me
Do chão,
Mostraste-me que a força
Estava dentro de mim
E não nos meus braços,
Vieste para ficar
E sem querer prometer
Eu soube que iriamos
Construir outros laços.

Fizeste-me sentir mulher,
Fizeste-me renascer
Das cinzas,
De momentos
Que não são para ser lembrados,
Diz-me que vais ficar
Prometo não te abandonar
E colar também os teus pedaços.  

Talvez

O mundo parece
Parado no tempo,
Saído de um daqueles filmes
Que retratam as desgraças
De antigamente,
A diferença
É que não é passado,
E estamos a sofrer agora
No presente.

Talvez fosse preciso
Este abalo,
Para que todos
Prestássemos atenção
Ao realmente essencial,
Antes quando saíamos de casa
Ninguém valorizava nada,
Tudo era normal.

Talvez a falta de liberdade
Em sair à rua
Nos faça pensar
Coisa que não era feita anteriormente,
E quando abrirmos
A porta de nossa casa
Possamos ver tudo diferente.

Talvez o que te priva agora
Te faça abraçar
Tudo mais forte depois,
Se antes só davas um beijo
Quando a tempestade passar
Vais querer dar dois.
Aproveita agora que tens tempo,
Para pensares
No que d'antes não podias pensar,
Por teres que ir fazer o almoço
Levares os miúdos á escola
Ou teres que ir trabalhar.

Agora que tens tempo,
Lembra-te em tudo
O que deixas-te por fazer,
Em tudo o que deixas-te
Por dizer,
E se não houver o amanhã,
Como é que vai ser?

Fala!
Faz!
Ama!
Mantém a esperança em pé,
Reacende a chama,
Porque talvez,
Não estejas cá para ver o amanhã,
Mas por ti,
Por mim,
Por nós,
Vamos à luta em nossas casas,
Apesar de distantes
Não estamos sós,
Vão à janela
E façam ouvir-se a vossa voz.

Saudades

Ás vezes as pessoas falam
Sem na realidade
Saberem o que estão a dizer,
Hoje, penso e falo
Nas saudades
Porque as senti
Depois de te conhecer.

Conversas sem fim,
Sorrisos pelo meio,
Olhares que brilhavam
Quando se cruzavam,
E as saudades…
As saudades vinham
Quando esses momentos
Por dias acabavam.

Quando a porta
Do carro se fechava
E eu ainda
Olhava para ti,
Através do vidro embaciado,
As saudades voltavam
Por não estares junto a mim
Mas sim do outro lado.
Saudade é o que resta
De momentos bem passados.
Longe ou perto
Ambos sabemos
Que os nossos destinos
Foram cruzados,
E eu não sei
Quanto a ti,
Mas quanto a mim
Acredito que tudo
Acontece por uma razão,
E mesmo que por enquanto
Não te possa
Levar para casa,
Levo-te no meu coração.

Saudades…
Tenho tantas!

As palavras

As palavras
Abrigam-se em mim,
Como se tivessem medo
Do mundo que há
Lá fora,
Leem-me e entendem-me
E depois para se mostrarem
Já sem medo
Saltam quando chega
A sua hora.

Não tenho migalhas
Nem elas são pombas
Para as comerem,
Mas tenho alma
Por ser poeta
E isso já lhes chega,
É o seu alimento,
Dizem gostar
De mim por ser
Do bem.
Gosto de toda a gente,
E não faço
Mal a ninguém.

O amor

O amor arde
E o que arde
Também cura,
Nem tudo são mares de rosas,
Também há amargura,
Mas no fim é a ternura
Que permanece
E logo se esquece
Ou pelo menos tenta-se
Não lembrar
Dos motivos
Que nos fizeram chorar.

O amor é um teste
Que nunca é finalizado,
É um jogo
Em que ganhas mais
Do que o que perdes
Mas raramente
Fica empatado.

São momentos de choro,
Outros de risos
Sem fim,
São campos de urtigas
E rosas,
O amor é assim.

Amas-me?

Amas-me?
Ou usas a minha alma
Para pagar
A raiva que a vida
Em tempos te deixou?
Amas-me?
Ou finges
Para tentares esconder
Uma ferida
Que nunca sarou?

Se me amas,
Porque é que me cortas
As asas
E a seguir
Fazes de conta
Que me queres
Ensinar a voar?
Se me amas
Porque é que não páras
E vês
Que não é só a mim
Que estás a magoar?

Se me amas
Porque é que me levas
Do chão ao céu
Com tanta facilidade?
Se me amas
Porque é que eu olho
Nos teus olhos
E vejo que não é verdade?

Se me amas,
Porque é que não te orgulhas
Em vez de me atirares
Ao chão?
Se me amas
E saí do teu ninho
Porque é que não vejo
Na tua cara
Um pingo de emoção?

Se me amas
Não parece,
O sentimento
Que por vezes nasce
Breve desvanece.

Até Sempre

O dia amanheceu lá fora,
Cá dentro,
Dentro dos peitos
De todos aqueles que te amam
A noite permaneceu,
Ainda ninguém caiu em si,
Ainda ninguém acredita
No que aconteceu.

A dor cola-se em nós,
Porque eras nosso
E partiste sem te puderes
Sequer despedir,
Sem te pudermos ver
Uma última vez a sorrir.

Foi-se o amigo do amigo,
O bom conselheiro,
O humilde, o senhor,
Foi-se embora o nosso companheiro,
E embora doa,
Embora revolte
E nos faça a todos
Questionar o verdadeiro
Valor da vida,
Não há resposta
Que se possa dar
Depois desta tão ingrata partida.

Pedro,
Tu que vais estar
Aí em cima
A olhar por todos
Os que sempre te quiserem
E fizeram bem,
Promete-nos que vais
Ficar em paz tu também.

A brisa do dia
Trouxe-nos a frieza
Sem ninguém esperar,
Mas hoje, quando olhar-mos
Para o céu ao anoitecer
Sabemos que já lá vais estar.

Até sempre, Pedro!

Ps:Este poema é dedicado a um amigo que infelizmente partiu para longe de nós. Até sempre, Pedro!