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sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Podes

 Podes gritar comigo,

Os meus ouvidos já aprenderam

A suportar a tua ira.

Podes-me deitar ao chão,

Eu não vou partir

Nem fugir

Como antes fugia.


Podes-me lançar farpas,

O meu peito já está imune a elas,

Podes-me deitar todas

As palavras,

Mas um dia poderás ser tu

O alvo delas.


Podes-me tentar quebrar,

Ganhei elasticidade,

Sempre serei um todo

E nunca mais uma metade.


Podes-me acordar

Para eu não sonhar,

Que eu até acordada sonho,

Não tenho medo de ti,

Mas tu de mim devias,

Um medo medonho,

Porque sabes que nunca

Me vais conseguir destruir,

Podes tentar,

Mas nunca irás conseguir.


E se um dia me ousares matar,

Fica sabendo que eu irei renascer,

E vou evocar-te às chamas,

Para que sejas tu a arder.


Podes tudo,

Mas não conseguirás nada.