Já sinto

Já sinto ao longe
O Outono
A aproximar-se devagar,
Vai empurrando o Verão
Para se fazer anunciar.

As folhas já tremem
Nas árvores,
Algumas já caíram ao chão,
O Outono lembra-me
Da nossa história
Começada em plena estação.

Mas foi tudo uma confusão,
Tu foste-me infiel,
Depois da subida
Ao altar,
Depois de assinares o papel
Quiseste-me prender
Com promessas,
Mas eu esperta
Como nunca pensaste
Que eu viesse a ser,
Não atendi às tuas preces
E fugi ao entardecer.

Foi triste,
Por isso é Outono,
Até as andorinhas
Voaram para longe
Do mau dono
Que eras tu.

Olhavas

Olhavas para mim
E eu sorria naturalmente,
Dizia já ser de mim
Mas por trás havia algo de diferente.

Dei-te um sorriso
E tu ficas-te vidrado,
Dei-te um olhar
E eu deixei-me levar,
Deste-me uma palavra
Fiquei encantada
E quando dei por mim
Fiquei pressa ao teu olhar,
Era tarde,
Demasiado tarde para recuar.

Tonta,
Tão tonta que fiquei,
Não era amor,
Mas fui burra
E agarrei-me a alguém
Que nem dele próprio
Sabe ser,
Aproximei-me de alguém
Destinado a fazer-me sofrer.

Por voltas
E voltas que o mundo dê,
Por muito que me tente soltar,
É impossível soltar-me
Caí na tua teia,
E provei do teu veneno fatal,
Pior que o veneno
Só mesmo tu,
Fazes-me mal!

Se soubesse o final
Desta história,
No dia em que me olhas-te
Tapava a cara,
Seria melhor não te conhecer,
Do que lutar
Por quem não me encara.

Perdi

Perdi horas,
Perdi dias,
Perdi semanas,
E o pior de tudo,
Perdi-me a mim
Para te encontrar,
Eu era um porto seguro,
Era casa,
Mas tu teimavas
Em não quereres lá morar.

Deitava-me no chão
Para que me pisasses
A mim,
E não o asfalto,
Dava-te amor
E carinho,
Sonhava connosco
Mas bem diziam eles
Que eu sonhava
Demasiado alto,
Tão alto,
Para quem nem o teu chão
Era capaz de ser,
De que me valia
Sacrificar-me por ti,
Se tu nada conseguias ver?

E se visses?
Fazia diferença?
Eu não sou assim
Tão parva
Para manter
Tão estúpida esperança.

Dezanove de Agosto

Dezanove de Agosto
É o que marca
O calendário,
E embora tarde
Finalmente consegui entender
O porquê de estares
Tão diferente.

Para bem de todos
Os restantes males
Descobri que o erro
Não está em mim,
E desde que os meus pais
Fizeram de mim
Uma mulher,
Eu sou inabalável,
Estou cá,
Estou aqui
Pronta para lutar,
Para o que der e vier,
Seja o que Deus quiser.

Tudo na vida tem
Uma razão,
O que não foi
Não era para ser,
Mas calma,
Nada é em vão,
Ainda há muito
Para encarar,
Lutar, vencer
Ou perder.

Desta vez

Desta vez basta!
Chega!
Vamos ficar por aqui,
Desta vez acabou,
Eu já fiz o que podia por ti
Embora aos teus olhos
Pareça que eu não fiz nada,
Sou uma carta
Fora do baralho
Que jogaste
Noutra jogada,
Mas já é passada,
E a vida vai criando
Um jogo novo,
Mas cuidado querido,
Não brinques com o fogo,
Podes vir a ser queimado,
Portanto olha
O aviso fica dado.

Desta vez,
Foi de vez,
Não tentes mais.