Blogs de Portugal

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

O dia

 Doem-me as pernas,

Mas agora não posso parar,

Doem-me as letras,

Mas agora não posso

Deixar de escrever,

Dói-me o lápis

Mas ainda tenho tanto

Para dizer...


Avanço pela avenida abaixo

De peito nu penetrado

Pelas gotas gordas

Que me batem e me estremecem

De lucidez.

A chuva beija-me o rosto

Como quem me diz:-"É desta vez".


O vento sopra entre

O meu cabelo molhado

E estendido,

E com robustez

Me diz:-"Vai! Isto é o que tinhas pedido". 


O dia estava cinzento,

E eu que nunca gostei

Da cinza, entendi

Que hoje assim estava

Porque foi o dia

Em que eu renasci.

1 comentário: