Espero

 Espero que sejas sempre corajoso,

Que vás à luta

E tentes,

Não importa o não conseguires,

Importa o nunca desistires,

Mesmo cheia de cacos

Por dentro,

Mesmo com noites

Dormidas ao relento,

Se nunca tentares

Nunca saberás.

É preciso garra,

Calma, e ires atrás.

Respira!

Grita!

Mas não te sufoques

Com um mundo

Que não cabe só a ti segurares,

Deita as mãos ao ar

Por um segundo,

Faz bem descansares.

Agora olha,

O caminho é longo

Mas mais vale o que dele

Aprendes, do que a meta em si,

Tira a lição

Do que passaste primeiro,

Que a meta surgirá diante de ti.

Espero, mas não desespero.

És poesia

 O teu sorriso é um verso

E nele me atravesso

Para a outra margem

Do teu ser,

A tua face rosada

É uma rima cruzada

Onde faço história

E me encosto

Ao vê-la acontecer.

O teu peito é a quadra

Que me aquece e resguarda

Nos dias em que tremo,

( Não sei se de medo

Do mundo, ou de frio),

Os teus braços

São a estrofe

Que me põe à prova

E me faz entender,

Que o amor é como escrever,

É um desafio.

És poesia!

Aos meus ouvidos

Soas à melodia

Que nunca quero esquecer.

Mulher

Os meus pais fizeram de mim mulher,

E a vida acabou por me moldar a ela,

Não sabia como era o mundo,

Mas muitos me diziam que era belo.

O nosso papel na sociedade

Foi estipulado desde cedo,

E muitas se resumiam a ele

Não por incapacidade 

Mas por medo,

Medo do dedo apontado ás nossas caras

Medo do oculto e das coisas raras.

”Isso é para menino “,

Ouvia eu a dizer,

” Isso é o teu dever“,

Repetiam vezes sem conta,

Mas eu sou mulher,

Faço aquilo que eu quiser,

Estou por minha conta.

Sou livre,

E humana,

Mais do que qualquer outro ser,

Sou eu que dou vida,

Sou eu que faço acontecer.

Tenho meio mundo ás costas,

Porque quero e não é um esforço para mim,

Dizem que há igualdade de género

Mas isso não é bem assim.

Mas sou mulher,

E enquanto tiver forças para lutar 

Ninguém me pára,

Não quero palmas pela atitude

Quero respeito pela minha garra.

Sou mulher,

Sou humana.